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Ponta Grossa

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Tivemos em nossa página!

 

 

 

Horário de entrada

 

Josane Ribeiro Bakai - Castro Lea Tereza Abibe – Ponta Grossa

Lenir - Ipiranga

Rosangela de Fátima Rutcoski - Palmeira

Agradecemos ao Diretor e Vice Diretor do Instituto de Educação “Prof César Prieto Martinez”, pelo apoio a realização da pesquisa.

 

Resumo: O horário de entrada de uma escola deve ser observado como o primeiro momento importante do contexto escolar. A pessoa que diariamente realiza o levantamento dos alunos que se atrasam observa que alguns persistem no ato se importando apenas quando os resultados finais não lhes são positivos. É alto o índice de percentagem daqueles que não assistem a primeira aula e em muitos casos os responsáveis nem tomam conhecimento ou desconhecem o fato. Para tanto é necessário ter um pacto com os discentes embasado pelo Projeto Pedagógico e que esteja contemplado também no Regimento Escola para que sejam evitados transtornos administrativos para a instituição. Portanto para este estudo é pertinente refletir sobre a liberdade, a qual deve ser apreendida pelo aluno desde muito cedo, pois a sua formação é para encontrar-se como pessoa, profissional e cidadão numa sociedade que não perdoa a falta de competência e comprometimento do profissional.

 

Palavras-chave: horário; entrada; liberdade; moral.

 

As teorias sobre a educação analisam, criticam e propõem, mas aqueles que atuam na educação, no cotidiano escolar deparam-se com situações consideradas simples, mas de difícil solução.

 

Para SAVIANI (1983, p. 24) “ embora dirigindo-se apenas a uma parcela da realidade insere-a no contexto e a examina em função do conjunto.” Assim torna-se necessário determinar qual é o problema, realizar um estudo profundo, encontrando meios para fundamentá-lo, sem esquecer que este está relacionado no contexto”.

 

A situação que terá o foco deste estudo é de difícil solução para as escolas –horário da entrada.

 

Essa análise nos leva a refletir, em determinados momentos enquanto educador e até esquecemos que o aluno é fruto de um ato social (a procriação), que ele é sujeito de vida social desde o seu nascimento. Nasce, sem dúvida, desprovido do necessário para subsistir. Para conservar-se na existência, precisa, com efeito, em sua infância, da assistência de outros seres humanos, em geral seus genitores. Donde conclui-se que a sociabilidade é um reclamo da pessoa humana, desde seus primeiros momentos de vida.

 

Embora se liberte de certas dependências de seus semelhantes, continua a depender no domínio dos bens materiais e corporais.

 

Com relação aos bens materiais e corporais, ele não pode satisfazer a todas as suas necessidades ou realizar todas as aspirações, ao contrário precisa do esforço, do trabalho, da ajuda e da cooperação, ou seja, inserir-se no universo das relações que constituem o fenômeno social.

 

Assim para alguns alunos da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e profissionalizante o todo é o foco maior das suas aspirações, porém, ele esquece que nem tudo é possível, para tudo existe um limite, limite este que poderá tolher sua liberdade.

 

Questiona-se então o que é liberdade?

A liberdade para ele será então um problema?

Como atender suas necessidades?

 

Para CHAUI (2002, p.180), o todo na realidade refere-se às necessidades que age sem ele, e o insere na rede de causas e efeitos, condições e conseqüências. Mesmo que eles queiram ou não existem as forças que o governam, são as forças transcendentes superiores denominadas fatalidade.

 

A liberdade então se torna ilusória, pois a realidade é controlada, como no caso da ética, que é determinada particularmente para o ser humano, ela é determinada pela lei que limita seus pensamentos e ações.

 

Como conseguir a liberdade se para a necessidade, fatalidade e determinismo ela não existe?

 

Mas, como viver sem liberdade?

 

SARTRE citado por CHAUI ( 2002, p. 181) explica que “ o que importa não é saber o que fizeram de nós e sim o que fazemos com o que quiseram fazer conosco”.

 

As causas que atuam sobre o homem é o resultado de determinada situação, logo, usando da razão ao tomar conhecimento das causas o aluno será capaz de realizar uma ação transformadora se realizar um projeto de ação, sendo no contexto social, então, um agente atuante e não um agente passivo, assim até poderá construir sua liberdade.

 

Para conseguir sua liberdade o aluno deve agir, para tanto precisará de uma prática que irá exigir sua criatividade, obviamente a vontade terá seu papel preponderante nesta ação, mas não poderá deixar de conhecer e respeitar as leis. Assim como ser atuante irá conquistando sua autonomia, portanto capaz de definir e organizar suas próprias regras.

 

O que realmente fundamenta a liberdade humana é a autodeterminação, mas esta depende da aprendizagem.

 

Assim ao superar o egocentrismo infantil, reconhecer o outro que é a garantia da experiência adulta de reciprocidade, cooperação e solidariedade o aluno superou um momento difícil que resultou na vida moral.

 

O desafio continua, pois em todos os setores humanos “Todas as normas impõem dever ..., são necessárias à ordem social. (SANTOS, p.26 ) ‘... pois, nenhum homem basta a si mesmo, ele vive em sociedade e precisa ter contatos com seus semelhantes para poder atingir seus fins naturais. (TELLES JUNIOR citado por SANTOS, p. 26).

O aluno não pode esquecer que não é um ermitão, mas uma pessoa que tem o dever de conviver com seus familiares, amigos outros, como este estágio é um desafio, torna-se para ele angustiante.

 

A liberdade ética que se refere ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia em si mesmo e aos outros, não é fácil de ser conseguida: barreiras como o egocentrismo, os enganos a intranqüilidade, o medo, sufocado por ideologias, a angústia em decidir e o ato livre que é um encargo pesado do que privilégio, muitos então se acomodam renunciando a ela e aceitam as verdades que lhe são impostas. (ARANHA; MARTINS, 2000, p. 133).

 

O ser que tem liberdade sente seu corpo e “espírito”, vive e transmite a: paz, segurança e trilham com harmonia na profissão escolhida, tanto a família como a escola têm suas responsabilidades pela liberdade conseguida de opção de vida, mas grande parte da parcela é conquistada pela própria pessoa .

 

Neste contexto qual a função real da escola?

 

Esta análise é importante e sempre procuramos uma ou várias respostas. Na década de 90, o Secretário de Educação ABRAHÃO ( 1991, [ ?] ) comentou “... da necessidade de saber ouvir para poder dizer, surgiu este projeto que ora apresentamos” , ele referia-se ao Projeto: Paraná Construindo a Escola Cidadã, ou seja, o Projeto Político Pedagógico (PPP), hoje Projeto Pedagógico ( PP).

 

De acordo com a apresentação do projeto no Capítulo I ( 1991, p. 11), na escola convivem dois componentes fundamentais o instituído e o instituinte ( grifo do autor) que são as formas definidas como: normas ... 0 instituinte ainda é a vida cotidiana, são pessoas que expressam suas vontades ou sejam são livres para decidirem, é o momento da “democratização da escola”, com a participação de todos da comunidade escolar.

 

Afirmam que : o fim da educação é a formação do indivíduo autônomo.

Porém, questionam o que é indivíduo autônomo? E no plano coletivo o que é uma sociedade autônoma. A resposta ao questionamento é imediata: “ Pensa e age automaticamente o indivíduo que não é dominado pelo discurso ou pela vontade do outro”, ou seja é aquele que já construiu a sua liberdade moral.

 

A escola tem que ter sua própria identidade, ela alimenta-se do discurso do outro, mas o reelabora para torná-lo seu, caso contrário será como o indivíduo alienado, e ela não pode esquecer que é responsável pela formação do indivíduo autônomo e esta autonomia o conduzirá para a cidadania.

 

De lá para cá o projeto pedagógico elaborado, todos os anos passa pelo crivo da comunidade escolar que realiza a sua avaliação e as possíveis alterações se necessário, a SEED até certo ponto também direciona a discussão.

 

Dentro desta perspectiva é que levantamos como importante o primeiro momento do cotidiano escolar pertinente no PPP item 7, p. 36, no que concerne aos espaços – tempos da escola ( série, carga-horária, ano letivo, disposição de horários e das disciplinas do currículo).

 

A carga-horária deve ser cumprida pelo aluno e na disposição de horários, este será prejudicado se estiver sempre ou quase sempre ausente do primeiro horário, perdendo sempre a aula da mesma disciplina principalmente se esta for contemplada em dois horários semanais no início do horário diário.

 

Para a realização de levantamentos de dados sobre o primeiro horário, foi escolhido o Instituto de Educação Estadual “ Prof. César Prieto Martinez” – Ensino Fundamental, Médio e Normal ( IE), situado na cidade de Ponta Grossa.

 

O IE tem regularmente matriculados 1800 alunos; 1 diretor, 1 vice-diretor, 4 pedagogas; 3 coordenadoras do curso Normal; 140 docentes; 12 funcionários administrativos e 20 funcionários de serviços gerais.

 

Para o ato da matrícula no IE existe uma INSTRUÇÃO – REGIMENTO ESCOLAR ( I -RE ( transcrito no Regimento Escolar), no item 2 consta o HORÁRIO DE ENTRADA. A Instrução deve ser lida e assinada pelo Pai ou Responsável pelo aluno (a) de menor ou pelo próprio aluno (a) quando for de maior. O Termo de Concordância com as Instruções do Regimento Escolar assinado é arquivado na pasta do aluno (a), mas os responsáveis devem repassar as Instruções àquele que está sob sua responsabilidade, enquanto o de maior estar ciente também de suas responsabilidades perante a escola.

 

Os dados sobre o primeiro momento foram levantados com o resultado de uma pesquisa onde foram respondidos por 18 docentes 12%, 169 discentes 9% e 2/ atendentes da portaria 66%, a pesquisa permitiu constatar a consciência dos entrevistados com relação ao agir colocando em prática a liberdade moral.

 

Os docentes fazem parte das três área de ensino, dos que participaram da pesquisa 55% conhecem a I-RE, 72% que a I –RE deve ser assinada no ato da matrícula, 50% sabem que o aluno (a) tem 10 min após o primeiro sinal para entrar, 83% aceitam justificativas pelo atraso, são unânimes que o atraso prejudica o processo ensino – aprendizagem e 94% consideram a gestão escolar democrática.

 

Quanto aos alunos (as) o resultado foi o seguinte: 65% conhecem a I-RE, 91% que a I –RE deve ser assinada no ato da matrícula, com relação ao turno estão regularmente matriculados 27% - manhã: 20% - tarde e 52% - noite, 89% sabem que o aluno (a) tem 10 min após o primeiro sinal para entrar, 80% já chegaram atrasados, 95% afirmam que o atraso prejudica o processo ensino – aprendizagem e 51% consideram a gestão escolar democrática.

 

Os funcionários responsáveis pela portaria dos que participaram da pesquisa 100% são o sexo masculino, 100% conhecem a I-RE, 100% que a I –RE deve ser assinada no ato da matrícula, 50% trabalha no turno da manhã, 50% tarde e entrada da noite. 100% sabem que o aluno (a) tem 10 min após o primeiro sinal para entrar, 50% permite a entrada quando o grande fluxo de alunos (as) chegam após expirado o tempo devido ao horário do ônibus , são unânimes que o atraso prejudica o processo ensino – aprendizagem e 100% consideram a gestão escolar democrática.

 

Os motivos que levam os alunos (as) a se atrasarem para o primeiro horário são os mesmos para as três categorias pesquisadas, em primeiro plano o ônibus seguido pelo: emprego, chuva, preguiça, trânsito, família, filhos, relógio, desinteresse, saúde, distância da escola, sem vontade, matar aula, falta de dinheiro,influência do colega, má companhia, moradia em outro município, desânimo, devido ao professor que falta , não explica a matéria e só traz xérox , problemas sociais, cigarro, gole, encontro com o sexo oposto,conversa com amigos, irresponsabilidade, estágio devido a distância do CMEI ou escola e para alimentar-se.

 

O levantamento diário realizado é de 30 a 40 alunos que se atrasam diariamente, eles são orientados e têm consciência que são prejudicados pelos seus atos, no final de um mês de atrasos o total será de 150 a 200 alunos que perderam o primeiro horário, até o final do ano letivo 7.500 a 10.000 atrasos.

 

Será que os pais esclarecem aos filhos mesmo de maior de idade sobre a importância das suas responsabilidades escolares, principalmente no cumprimento do horário?

 

Conclui-se com este estudo que desde muito cedo os compromissos daquele que está matriculado na educação infantil, ensino fundamental, médio e profissionalizante devem formar o hábito de cumprir os compromissos e apreenda a cumprir o horário determinado pela escola e como cidadão possa usufruir dos seus direitos, sem esquecer no entanto que primeiro deve cumprir com os seus deveres e o primeiro dever é obedecer os horários estipulados antecipadamente.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, H. P. Temas de filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2000.

CHAUI, M. FILOSOFIA. São Paulo: Ática. 2002.

Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Paraná: Construindo a Escola Cidadã. Curitiba: [?], 1992.

SANTOS, C. R. dos. Ética, moral e competência dos profissionais da educação. São Paulo: Avercamp, 2004.

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